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Prolapso de valva mitral: quando é preciso se preocupar

Receber um diagnóstico com um nome tão complexo, pode assustar alguns pacientes. Então primeiro vamos esclarecer, o que é prolapso?

O prolapso é um termo usado na medicina quando alguma estrutura está desalinhada, fora do lugar. A valva mitral é formada por duas válvulas ou cúspides, a anterior e a posterior. Quando ocorre um desalinhamento entre suas cúspides com um deslocamento superior de uma ou ambas, ocorre o prolapso da valva mitral.

Nesse sentido, é uma doença caracterizada pelo desalinhamento da valva mitral, localizada entre duas câmaras do coração (átrio esquerdo e ventrículo esquerdo). A presença do prolapso pode impedir o fechamento adequado das cúspides e o bom funcionamento desta valva.

O que é a valva (ou válvula) mitral?

O coração funciona como uma bomba, levando o sangue para os pulmões e o corpo humano. Para fazer isso, ele precisa de válvulas de entrada e saída. O conjunto de válvulas, chamamos valva. Quando uma está aberta a outra está fechada, funcionando assim de um modo harmônico infinitas vezes durante a vida.

O papel da valva mitral nessa engrenagem é a de permitir a passagem do fluxo sanguíneo na direção do ventrículo esquerdo e impedir o seu retorno ou refluxo ao átrio. Quando ocorre o prolapso, essa harmonia pode ser perdida e o sangue que deveria ir para o ventrículo, retorna para o átrio.

Com isso, podemos ter diversos graus de insuficiência valvar. O primeiro a descrever cientificamente a doença degenerativa da valva mitral levando ao prolapso e insuficiência valvar foi Barlow na década de 60, sendo então chamada: síndrome de Barlow.

É um problema comum?

Muitas pessoas podem apresentar prolapso de valva mitral. Estudos apontam para uma prevalência de 2% a 3% na população em geral. Em sua grande maioria é pequeno, e não afeta o bom funcionamento da válvula, ou quando interfere, é de maneira muito leve. Nesses casos específicos, não apresenta perigo e não necessita de tratamento.

Hoje em dia há critérios mais precisos para fazer o diagnóstico correto dessa patologia, já foi muito comum que pacientes com alterações discretas na valva mitral ganhassem o diagnóstico de prolapso da válvula mitral. Em muitos casos não tratava-se de uma doença, mas de uma situação benigna sem necessidade de tratamento.

Quando é preciso se preocupar?

Vai depender, em suma, do grau de insuficiência valvar que o prolapso traz. Em alguns indivíduos esse prolapso pode ser maior, tornando o quadro mais grave. Nos casos mais graves de prolapso, o paciente pode apresentar um refluxo de sangue intenso para o átrio esquerdo que por sua vez poderá resultar em arritmias, insuficiência cardíaca, endocardite, derrame e fibrilação atrial.

Há tratamento?

Sim, em casos graves pode ser necessário em algum momento realizar um tratamento médico que irá depender da evolução da doença. O manejo é individualizado e pode ser adotado um tratamento medicamentoso, cirurgia de plástica valvular ou colocação de prótese, de acordo com caso.

Existem sintomas?

A maior parte das pessoas não apresentam sintomas, mas quando ocorrem podem ser devido a um vazamento de grande quantidade sanguínea para a parte superior do coração. Nesses casos, o paciente pode manifestar: arritmia, tonturas ou vertigens, dificuldade na respiração, falta de ar e fadiga, que podem sinalizar um estado avançado.

Como é realizado o diagnóstico?

O exame físico através do uso de um estetoscópio na ausculta cardíaca e o ecocardiograma com Doppler colorido são fundamentais para o diagnóstico e a decisão clínica a ser tomada pelo cardiologista. Outros exames como cateterismo cardíaco, radiografia torácica, eletrocardiograma e ressonância magnética do coração podem ser úteis em algumas situações e na estratificação de risco do paciente.

Observamos que o manejo depende do grau de prolapso da valva mitral, é preciso examinar o funcionamento da válvula e do organismo como um todo. Esse exame minucioso e detalhado é fundamental, e deve ser realizado pelo seu cardiologista de confiança. Cuide-se bem!

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