Mesmo depois de uma boa noite de sono, você se sente cansado?
A fadiga crônica é cada vez mais comum, caracterizada pelo cansaço e falta de energia constante. Esse sintoma pode ser desencadeado por diversas condições, dentre elas a insuficiência cardíaca, por isso deve ser investigado!
Mas, o que é a insuficiência cardíaca?
Um coração saudável atua como uma bomba em um movimento ritmado. A insuficiência cardíaca é uma síndrome clínica caracterizada pela incapacidade do coração ter esse bom funcionamento, desencadeada por déficit de contração e/ou de relaxamento do órgão. Quando não tratada adequadamente, pode causar um acúmulo de líquido nos pulmões e no corpo reduzindo a qualidade de vida e a sobrevida do paciente.
Quais são as causas?
Diversas são as causas de insuficiência cardíaca. As principais em nosso meio são a doença arterial coronariana (infarto do coração) e a hipertensão arterial sistêmica. Note que os principais fatores de risco que levam ao infarto do coração também acabam sendo fatores de risco para insuficiência cardíaca. O controle desses fatores acabam sendo uma prevenção dobrada.
Além disso, condições que prejudicam as válvulas cardíacas (como a doença reumática, degenerativa ou inflamatória) doenças genéticas/autoimunes, doenças congênitas, etilismo, infecciosas (Doença de Chagas) e toxicidade (anorexígenos, tratamento oncológico, etc.) também podem causar insuficiência cardíaca.
Qual a relação da fadiga com o quadro de insuficiência cardíaca? Há outros sintomas?
A fadiga é um sintoma inespecífico e presente em várias doenças. Quando temos algo no nosso organismo que não está funcionando adequadamente, a fadiga pode ser um sintoma. Nesse caso específico, o coração que bombeia o sangue para todo corpo está insuficiente, levando a uma miríade de sinais e sintomas, sendo a fadiga muitas vezes o primeiro sintoma.
Outros sinais são decorrentes principalmente do acúmulo de líquido nos pulmões e demais órgãos. O paciente pode sentir cansaço, falta de ar ao deitar, tosse seca, inchaço nas pernas e abdômen e fraqueza (astenia) causando intolerância aos exercícios.
Como é realizado o diagnóstico?
Uma avaliação clínica, baseada na história do paciente e na realização de um exame físico completo, conseguimos já ter uma boa ideia sobre o diagnóstico e descartar outras causas de fadiga e falta de ar, como as doenças pulmonares.
O exame complementar que tem papel central no diagnóstico da insuficiência cardíaca é o ecodopplercardiograma. Conseguimos através desse exame avaliar a morfologia das câmaras cardíacas, quantificar a função ejetiva e de enchimento do coração e, por fim, avaliar as válvulas que são um causa direta de insuficiência cardíaca.
Outro exame bastante útil nesse cenário é o peptídeo natriurético tipo B (BNP). Essa substância produzida e liberada pelo músculo cardíaco, pode ser dosada no sangue e está aumentada no coração insuficiente. Ela é muito útil na diferenciação da falta de ar, se é de origem pulmonar ou cardíaca, e no acompanhamento do paciente quando iniciado o tratamento.
E qual é o tratamento?
O tratamento da insuficiência cardíaca avançou muito nos últimos anos e diversos remédios são indicados para controle da doença e melhora da qualidade de vida. A indicação vai depender do grau e tipo de insuficiência cardíaca. Medicações como os betabloqueadores, inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) e inibidores da aldosterona tem papel central no prolongamento da vida do paciente. Diuréticos ajudam muito na melhora dos sintomas.
Outros tratamentos como colocação de dispositivos cardíacos implantáveis como os ressincronizadores ou cardiodesfibrilador implantável (CDI) podem ser indicados em casos bem específicos. O transplante cardíaco é a última opção e tem seu lugar em fases mais avançadas da doença.
Invista na prevenção!
Cultive hábitos saudáveis, se afastando dos fatores de risco cardiovasculares como diabetes, dislipidemia, tabagismo, sedentarismo. Evite o consumo excessivo de álcool, e esteja atento às condições higiênicas de moradia, para prevenção da Doença de Chagas, por exemplo.
Além disso, verifique se há histórico familiar de insuficiência cardíaca e não negligencie sintomas persistentes, como a fadiga. E claro, conte com acompanhamento cardiológico para manter a saúde do seu coração em dia!